Como o próprio diretor deixou bem claro, “não é um videoclipe”, é uma adaptação para cinema. Ou seja: aqueles que esperam ver a história de João do Santo Cristo, Maria Lúcia, Jeremias e toda tropa exatamente como cantada na música de Renato Russo podem tirar o cavalinho da chuva. Muitas coisas foram seguidas à risca, mas algumas foram alteradas e/ou simplesmente eliminadas da trama. Isso é ruim? Olha, não exatamente. A história está bem amarrada e a boa atuação de Fabrício Boliveira (João), Isis Valverde (Maria Lúcia) e Felipe Adib (Jeremias) ajuda muito. Foram inseridas, também, algumas “explicações” que não são relatadas na música e que ficaram bem bacanas (como, por exemplo, como o pai de João morreu e por que Maria Lúcia “virou a casaca” no meio da história). Mas eu, particularmente, que adoro adaptações bem fiéis às suas propostas originais (seja um livro ou, nesse caso, uma música) senti falta de alguns elementos, sim. Não acho que prejudicou o andamento da história, mas acho que havia algumas coisas que teriam enriquecido o filme e simplesmente não foram utilizadas, sabe lá Deus por quê. A fotografia é muito bonita, as locações são sensacionais e toda a equipe de produção do filme está com certeza de parabéns, pois conseguiu criar um visual digno dos melhores westerns americanos. A trilha sonora é toda baseada nas bandas ícones dos anos 80 e traz uma nostalgia gostosa, fazendo a gente bater o pezinho no chão toda vez que toca algum clássico. Bem bacana. Além disso, é sempre legal a gente ver algo que sempre imaginou apenas na cabeça criar vida e encher aquela telona bonita. É… gratificante. Acho que é essa a palavra. Resumindo: vale a pena? Vale. Pode não ser exatamente como você imaginou (afinal, todo mundo vai pro cinema com o filme já montado na própria cabeça), mas é muito bem feito, visualmente bonito e agradável de assistir. Além do que, João do Santo Cristo faz parte das nossas vidas há tanto tempo que seria uma heresia ignorar sua “existência” agora que ele finalmente está aí “de verdade”.
